Depoimentos

Ayrton, você foi para mim meu pai, minha mãe, amigo, companheiro e amante.

Por você eu era paparicada vinte e quatro horas por dia, sempre com um sorriso e sem reclamar de nada. Sua partida deixou um vazio em minha vida que jamais será preenchido.

A saudade e dor que sinto não tem remédio que cure. Você foi amigo de todos, sempre pronto e com boa vontade para ajudar as pessoas que precisavam. Lutou durante mais de três meses com a doença sem nunca reclamar.

Esperou só a nossa querida filha Cláudia tomar posse como Desembargadora, que era seu maior sonho, e mesmo com dificuldade compareceu à solenidade e colocou seu colar do Mérito Judiciário.

Nós vivemos, entre namoro e casamento, mais de cinqüenta anos juntos e sempre muito bem.

Sabíamos que éramos felizes junto aos nosso dois filhos queridos e quatro netos maravilhosos.

Ayrton, você foi e sempre será meu eterno namorado.

Beijos de saudades

Laura Aparecida Guedes Maia
Esposa

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Convivi durante muitos anos com o Desembargador Ayrton Maia no Mercado Central e posso dizer, sem medo de errar, que a sua figura e presença deram àquele centro de compras uma grande importância, transformando-o num centro de convívio, abrigando, a partir daí, ideologias e culturas de diferentes matizes que, ao se encontrarem no mercado, recebiam a mutação da igualdade e do respeito que a própria figura do Desembargador Ayrton Maia proporcionava. Confesso que quando chego ao Rei da Feijoada e vejo as fotos dos encontros memoráveis dos quais o Desembargador era sempre o destaque, por tudo que ele sempre representou para todos nós, sinto que ele está ali, com seu jeito simples e cativante, distribuindo sabedoria e amizade. O Mercado Central deve uma grande homenagem ao Desembargador Ayrton Maia, que ficou melhor e mais atraente por causa dele.

Acir Antão
Jornalista e Radialista

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Emocionou-me, muito, o convite do "Chiquinho" e da "Claudinha" (perdoem-me pela intimidade) para que prestasse esse depoimento sobre o nosso pranteado Des. Ayrton Maia, cujas lembranças e exemplos de vida, coragem, amor ao Direito, à verdade e à Justiça, ainda permanecem latentes entre nós. E como tem feito falta...

No correr da vida dou asas ao pensamento, à saudade e às recordações e não consigo encontrar quem mais tenha vivido para o Direito e a Justiça, como Dr. Ayrton. Corajoso, sério, honesto, amigo dos amigos, leal e honrado, encarnava a figura impoluta do magistrado exemplar, culto, operoso, de coração aconchegante, sempre pronto a servir. Fez da Justiça uma prática constante. Franco e destemido, sem temer as adversidades.

Amava a família com tanto fervor...

Esse o velho Ayrton de tantos amigos.

Agora acredito na sentença de EPICTETO: "Seguramente Deus escolhe seus servos ao nascerem, ou talvez antes mesmo do nascimento".

Obrigado amigo e até mais ver...

Desembargador Alvimar de Ávila

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Os filhos vão fazer uma justíssima homenagem ao Desembargador Ayrton Maia e me pedem um depoimento escrito sobre a sua pessoa. Tenho só dez linhas. Não é fácil. É espaço muito pequeno para o tamanho do homem de bem, do chefe de família, do cidadão, do magistrado, do amigo, da pessoa a quem todos queríamos bem e que agora estamos, mais uma vez, homenageando. Infelizmente não tive com ele tanta proximidade e tantos contatos como gostaria, mas guardo, dos que tive, a imagem de um homem público no mais completo significado da expressão: aqueles - e não são muitos - que dedicam toda a vida a servir. E servir no mais completo, no mais desprendido, no mais generoso, no mais amplo sentido, a todos, sem distinção, que dele precisaram. É muito bom para os que ficam, o exemplo de grandeza e sabedoria, justamente de um homem tão simples e acessível, com tanta sensibilidade e senso de justiça. Bom para os muitos amigos, ótimo, como legado e responsabilidade, para a família.

Dr. Antonio A. Caram Filho
Advogado

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Poucas são as pessoas que têm, na vida, o privilégio de conviver com pessoas tão ilustres como o Desembargador Ayrton Maia. Nos idos de 1991, regressando à capital mineira, tive a aprazível oportunidade de conviver com sua excelência, tanto no Tribunal Regional Eleitoral, quanto na Justiça Desportiva. Em minha memória, nem o tempo nem a falibilidade da vida apagarão os momentos que vivenciamos no Mercado Central, mormente aqueles no estabelecimento do Sr. João Dias, o Rei da Feijoada, onde aos sábados, religiosamente nos encontrávamos e mantínhamos longas conversas, enquanto apreciávamos aquela cervejinha gelada no tanque. A passagem prematura do Desembargador deixou a todos nós, seus amigos, consternados, e certamente nem mesmo o tempo que ameniza toda dor humana, será capaz de nos confortar. E infelizmente, os sábados não mais terão aquela alegria de outrora, pois no tanque do Rei da Feijoada "está faltando ele e a saudade dele está doendo em nós", seus amigos, cuja ausência será sempre sentida, e sua presença sempre lembrada!

Desembargador Antônio Armando dos Anjos

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Tive a grata oportunidade de conviver, por muitos anos, com o saudoso Desembargador Ayrton Maia, homem público ímpar, quer no exercício de suas funções no Tribunal de Justiça, quer nos misteres da Auditoria Geral do Estado e, ainda, como Presidente do Conselho de Ética do Estado de Minas Gerais. Em todas estas ocasiões, o nobre jurista demonstrou seu caráter sem jaça, sua simpatia irradiante e, sobretudo, sua inteligência aguçada. Dinâmico e operoso, unia o conhecimento jurídico a um notável pendor para a gestão pública, de modo a atuar com desenvoltura em segmentos diversos, sempre com muita respeitabilidade e integridade. Seu legado é enorme, mas não se pode deixar de sublinhar sua maior herança: seus filhos Francisco e Cláudia, que, com muito orgulho, podem afirmar serem filhos de Ayrton Maia.

Antonio Augusto Junho Anastásia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais

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Se fôssemos reviver a história da Rua Marechal Deodoro, em Juiz de Fora, por certo teríamos grandes coisas para contar, tendo como personagem central o Desembargador Ayrton Maia. A sua memória invejável e sua grande inteligência, aliadas à personalidade forte e ao mesmo tempo humana e amiga, desenvolviam enlaçamentos de aproximação entre as famílias que ali residiam, onde eram colocados os verdadeiros sonhos de cada um na expectativa de um futuro melhor, com objetivos claros e ambições de vitórias e empreendimentos.

O Desembargador Ayrton Maia deixou a marca de seu caráter, de sua amizade e de seu exemplo entre nós.

Desembargador Antônio Marcos Alvim Soares

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Ayrton Maia, um metro e sessenta de pura sabedoria. Falar do Dr. Ayrton é fácil, principalmente para mim, que convivi com a "fera" por aproximadamente dez anos. Homem inteligente, de fibra, que sabia dar importância à família como poucos, principalmente se levarmos em conta os dias de hoje. Homem de postura altiva, totalmente positivo diante da vida. Sabia o valor de todos os que com ele conviviam. Estrategista por natureza, vislumbrava o longe e lidava com as pessoas e situações de acordo com o que elas exigiam, mas sem perder seu brilho e autonomia. Tenho a honra de ser pai de dois de seus netos, João Pedro e Victor, os quais certamente o têm carinhosamente dentro de suas lembranças. Perdi a conta de quantas cervejas "geladas" tomamos juntos, seja no "Tizé" após as imperdíveis reuniões do Tribunal de Justiça Desportiva, de onde é o eterno Presidente, seja na solidão da sauna de sua residência onde, com certeza, muito aprendi. Meu amigo iluminado. Do bem.

Dr. Antonio Sadi Júnior
Advogado

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O Desembargador Ayrton Maia representa um marco no Judiciário Mineiro. Galgou todos os postos da magistratura estadual, chegando a presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Escreveu sua trajetória com extrema dedicação e competência. Um juiz firme, preciso, culto e muito inteligente, sem nunca deixar de ser amável e educado com todos que o procuravam. Sua história de sucesso é motivo de orgulho para todos os que o conheceram e que puderam desfrutar de sua amizade, assim como motiva as pessoas a seguirem seus passos. Desembargador Ayrton Maia é sinônimo de integração de pessoas, motivação e organização, dinamismo, persistência e liderança.

Desembargador Antônio Sérvulo

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Já se vão mais de quinze anos, quando tive a grata satisfação de travar relações de amizade com o saudoso Desembargador Ayrton Maia, o que muito me enriqueceu. Propor-me-ei, preferencialmente, a discorrer algumas palavras sobre o "cidadão Ayrton Maia", pois o "juiz" dispensa maiores adjetivações, face ao inconteste brilho que conferiu à magistratura mineira e nacional.

Estampa-me a imagem do cidadão guiado por sólidos valores fraternais, familiares e morais. Mas, em especial, sempre vislumbrei em Ayrton Maia uma qualidade rara: a do homem que não envelhece! É que o seu entusiasmo, agilidade mental, amor ao bom debate, eloqüência e senso de humor refinado, conferiam-lhe a feição singular da juventude que os anos não empanam!

Ficarão para sempre seus exemplos, a amizade, o respeito e a saudade.

Dr. Arlindo Porto
Ex-Vice-Governador do Estado de Minas Gerais

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Tive o prazer de convidar Ayrton Maia, já aposentado como desembargador, para ser padrinho de dois dos meus filhos, os quais se casaram em ocasiões diferentes. Sua resposta, sempre com aquele inafastável sorriso, foi: "Mas a honra é toda minha, Ary, já que hoje sou um simples cidadão..." Era possuidor de notável modéstia, embora tenha ocupado os mais elevados cargos da magistratura e, posteriormente, do governo mineiro. Por mais cargos e altas honrarias que tenha recebido, jamais tornou-se, como diz o francês, "remplis de soi même". Figura humana especial, com aquela mineiridade de que nos fala Guimarães Rosa, sempre afável e bondoso, Ayrton Maia sobressaiu-se pela retidão, correção, honestidade e inteligência, compartilhando sempre com Dona Laura - sua inseparável esposa e companheira - momentos alegres e difíceis de sua vida. Seus brilhantes filhos, Francisco e Claudinha, são a continuação de tudo que fizeram. Como bem estava escrito na porta do escritório de sua casa, Ayrton Maia partiu "para outro reino, e passo a passo foi se distanciando", mas, a chama de sua vida continuará, para sempre, iluminando todos os que com ele conviveram.

Dr. Ary Margalith
Advogado

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Ayrton Maia cativou pessoas e fez mais amigos que um homem comum porque possuía uma capacidade rara de sempre estar em compatibilidade com a realidade. Sabia viver. Não perdia tempo com fantasias e nunca se ouvia dele uma queixa, um comentário amargo. Quando censurava algo ou alguém, fazia-o com uma dose de tolerância, deixando implícito algo que desculpasse o responsável.

Aceitava as coisas boas com um sorriso, sem alarde. E aceitava as coisas más também com um sorriso, mas meio irônico, que expressava sua paciência ante o inevitável. Estava sempre sereno, calmamente alegre, de moderado bom humor. Era um homem do meio termo, infenso ao exagero, da mais autêntica extirpe mineira.

Esse modo de ser atraía muita gente que vinha desfrutar de sua sempre agradável companhia. Talvez isso explique porque sua ausência é tão sentida.

Dr. Carlos Magno de Almeida
Advogado

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Ayrton Maia, o juiz e o homem.

Eu era juiz novo e novato quando fui apresentado ao juiz Ayrton Maia. Ayrton já era juiz veterano. A apresentação ocorreu na Av. Afonso Pena, defronte do antigo Banco da Lavoura. E quem me apresentou ao Dr. Ayrton Maia foi o meu pai, o juiz Achilles Velloso. Estávamos numa roda de magistrados. Ayrton, brincalhão, dizia que o revólver do Achilles e o automóvel do então juiz Vaz de Mello, que depois presidiu o Tribunal de Justiça e assumiu o governo do Estado, constituíam-se nas mais festejadas virgens belorizontinas. Explico: o meu pai não saía sem o seu revólver, que Ayrton afirmava e eu garantia, jamais fizera fogo. E o carro do Vaz de Mello nunca saíra da garagem. E ficamos ali a conversar amenidades, o Ayrton Maia muito falante, tomando conta da conversa e da roda. Quando nos despedimos, no automóvel, em direção à casa de meu pai, deu-me ele, então, informações sobre o juiz brincalhão. Ele brinca muito, porque está sempre de bem com a vida. Mas, acrescentou, trata-se de um juiz sério, íntegro como uma rocha, severo, muito preparado, de quem os seus colegas nos orgulhamos.

Com o tempo, consolidou-se a amizade e cresceu a estima e a admiração. Fomos, depois, juízes do TRE de Minas. No dia a dia do nosso trabalho, conheci de perto o magistrado. Modesto, não fazia alarde do cabedal jurídico de que era possuidor. Seus votos primavam pela síntese. Eles não continham palavra a mais nem palavra a menos. Participamos, Ayrton Maia, o juiz Bernardo Filgueiras e eu, da comissão apuradora das eleições parlamentares de 1974, apuração que realizamos, no TRE de Minas, pioneiramente, pelo computador. Coube a mim a presidência da comissão, que tinha como secretário o Roberto Siqueira, técnico em informática, velho servidor da Casa. Problemas surgiram, claro, e muitos, pois trabalhávamos, pela primeira vez, com o computador. Era preciso ver como o juiz Ayrton Maia se desdobrava. Foram muitas as noites indormidas. Dizia-se, então, que o SNI monitorava a apuração. E quando esta terminou, verificou-se vitória da oposição. Foi nessa ocasião que conheci, por intermédio do Ayrton, o então candidato ao Senado, pelo antigo MDB, o ex-presidente Itamar Franco.

Eu teria muito mais para contar. Casos interessantes ocorreram. Nas férias de verão, por exemplo, íamos para Iriri, na orla capixaba. As caçadas que realizávamos, de pretensos cabritos selvagens, numa ilha próxima da praia, fizeram história. Na verdade, os tais cabritos selvagens eram postos ali por um oficial da Marinha reformado, amigo do Ayrton, que residia em lriri, para que fossem caçados e churrasqueados. Essas nossas férias ocorriam com as nossas famílias. D. Laura, a musa de Ayrton Maia, sempre do seu lado, o Francisquinho e a Claudinha, ele hoje profissional vitorioso, engenheiro e advogado, ela notável magistrada seguindo a trajetória do pai. Depois de aposentado, compulsoriamente, aos setenta anos, Ayrton Maia serviu ao Estado como auditor-geral, severo fiscal dos dinheiros públicos. Ele se foi, portanto de pé, aferrado ao trabalho, como era de seu estilo.

O desembargador Ayrton Maia deixou muita saudade. O seu exemplo, entretanto, exemplo de vida, de magistrado, de chefe de família, de amigo, ficou e há de frutificar.

Carlos Mário da Silva Velloso
Ministro aposentado e ex-presidente
do Supremo Tribunal Federal

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Ayrton Maia foi um homem que, como poucos, soube dar sentido e cumprir suas qualidades e desígnios autóctones. Mineiro, de Juiz de Fora, suas origens forjaram sua caminhada.

Nasceu no berço da liberdade e da justiça, valores que soube promover por toda a vida. Ainda no nome de sua terra natal já parecia estar traçada sua vida pública, tornando-se um julgador letrado, honrando sua insígnia branca, sempre erguida, sem nunca se abater na aplicação do bom direito. Realizando seu desejo, aprimorou academicamente sua natural vocação em promover a justiça. Com mérito e ética construiu sua carreira profissional, tornando-se desembargador. Mas, quem o conheceu bem sabe que o verdadeiro objetivo alcançado em seu ofício e na sua existência foi a maior virtude daqueles que julgam, a paz na consciência.

Dr. Edison Zenóbio
Jornalista

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Tive a honra de conhecer o desembargador Ayrton Maia por intermédio de seu irmão José Henrique, muito mais moço, que tinha pelo primogênito dos Maias carinho e admiração filiais.

Entre suas inúmeras virtudes - demonstradas de sobejo no Magistério, na Magistratura, na Administração Pública e como exemplar chefe de família - uma, particularmente, sempre me impressionou: a capacidade de exercer, com brilho inexcedível, todas as missões que lhe foram confiadas, sem perder o contato, sem abrir mão da convivência com os mais humildes dos seus muito amigos. Nas visitas a sua cidade natal, ou no bar do Mercado Central de Belo Horizonte, fiel aos produtos Antarctica, o professor de Direito, o desembargador, o auditor-geral do Estado - sem olvidar a liturgia dos seus cargos - sempre foi o menino alegre e brincalhão da parte baixa da Rua Marechal, próxima da Estação Ferroviária de nossa querida Juiz de Fora.

Jornalista Eduardo Almeida Reis
Academia Mineira de Letras

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Com o Desembargador Ayrton Maia, tive um convívio fraterno, agradável e rico de aprendizado. Absorvi seus conselhos, de imensa importância quando ingressei no Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais, apesar de um início turbulento, motivado pela ansiedade e apreensão de quem estava chegando e que ele, Dr. Ayrton, soube contornar com extremo respeito e sensatez.

O Desembargador Ayrton Maia, ícone máximo da Justiça Desportiva, sempre soube decidir com a razão, e assim nos ensinou, deixando de lado a paixão e interesses dos clubes, diretores e torcedores. Para ele sempre prevaleceu uma única cor, o branco, como sinônimo da indispensável transparência em suas decisões.

Sinto-me feliz e dignificado não apenas pela honra de participar desta obra que retrata uma vida plena de realizações e sucesso, mas principalmente por saber que também tive a graça de conviver por quase duas décadas com a pessoa do inesquecível Desembargador Ayrton Maia.

Dr. Eduardo Machado Costa
Advogado

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Ainda jovem, no ano de 1968, tive o privilégio de conhecer, no Clube Forense, a pessoa de quem meu pai tanto falava e proclamava suas grandes qualidades morais e intelectuais, amigos que eram desde os tempos escolares, na nossa querida cidade de Juiz de Fora. Refiro-me ao então Juiz de Direito da 2a Vara Cível da Capital, Dr. Ayrton Maia.

Sobre um caso pitoresco do saudoso magistrado, lembro-me de que, certa manhã, no Clube Forense, encarregou-me o Dr. Ayrton de verificar se um amigo comum estava usando água filtrada no preparo da salada que, delicadamente, costumava servir a um grupo de amigos, pois chegara ao seu conhecimento que a água por ele usada não era filtrada. Em cumprimento àquela incumbência, procurei certificar-me a respeito do preparo do tira-gosto que ele tanto apreciava. Não me sendo possível adentrar na cozinha do Forense, mas desejoso de transmitir-lhe o resultado da "diligência", respondi ao meu amigo que no preparo da salada eram utilizadas duas ou mais garrafas de água mineral. Satisfeito com a resposta, voltou o Dr. Ayrton a "saborear" o prato preparado pelo nosso amigo. A "mentira" que usei serviu para não lhe tirar o prazer de continuar consumindo o "delicioso" prato, cuja primeira porção era prazerosamente a ele servida, acompanhada de uma cerveja bem gelada.

Dr. Eduardo Vaz de Mello
Engenheiro

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Um dia ele morreu, como morrem todos os homens, mas podia viver mais, porque era bom.

Conheci Ayrton como Juiz do antigo Tribunal de Alçada, e, como censor das sentenças de 10º grau, ainda que discordando, era polido e respeitoso.

Exemplo do bom Juiz, preocupava-se tão-somente em exercitar a jurisdição. Embora culto e conhecedor profundo do Direito, suas decisões eram simples, bem compreensíveis e justas.

Não pactuava com nada que tivesse o mínimo traço de imoralidade, e se percebesse qualquer ato não condizente com os princípios da retidão, não silenciava, e protestava veementemente, doesse em quem doesse.

Talvez até como compensação divina, pela admiração que tinha por ele, permitiu-me o destino a honra que poucos juízes têm, a de fazer parte do Tribunal Regional Eleitoral, e, ali, com ele trabalhei. Era nosso Presidente. Foram dias inesquecíveis de minha vida profissional a participação em Tribunal dirigido por Ayrton Maia, o Desembargador Ayrton Maia.

Com ele aprendi muito e tive a honra de receber seu integral apoio para o Tribunal de Alçada. Fiquei-lhe eternamente grato e embevecido quando, ao lhe agradecer, respondeu-me com aquele inesquecível sorriso e voz estridente: "Deixa pra lá, que não fiz mais que cumprir uma obrigação". Pequenas coisas que passam, mas que o tempo não destrói.

Ayrton era um homem de pequena estatura, mas foi grande em seu tempo, exemplo de dedicação, abnegação e coragem.

Que posso mais dizer dele, se não que foi um grande juiz, uma grande pessoa, um grande homem? Juiz, Pessoa e Homem, todos com letras maiúsculas.

Desembargador Ernane Fidélis dos Santos

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Imagens especiais guardadas no coração! São de uma amizade de quase-irmãos, entre o querido Desembargador Ayrton Maia e (meu querido tio) Mauro Belém Botelho, advogado. Quantas vezes, na infância, aos domingos, o acompanhei à casa do Dr. Ayrton, onde o pegávamos para ida ao Mineirão. Entrava no carro e o (tio) Mauro anunciava em tom de festa: Maia! Era assim que o chamava. Foi como o conheci! Na tragédia que vitimou o tio Mauro e a esposa (tia Heloísa), foi o Dr. Ayrton que esteve ao lado do meu pai (Wolney Botelho) nas providências difíceis do momento. Amigo do meu avô José Botelho), fez D. Laura amiga da minha avó e da minha mãe. Amigo do meu sogro (Bernardino Godinho), o Dr. Ayrton - O Maia! - ocupa muito da nossa história pessoal. Seus filhos, Chico e Cláudia, são os frutos continuados dessa irmandade, que continua, exatamente como começou!

Desembargador Fernando Neto Botelho

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Integridade pessoal, absoluto respeito à ética e à legalidade jurídica. Essas as três características que voltam à minha memória ao lembrar-me de Ayrton Maia e da convivência que tivemos em vários momentos da história mais recente de Minas. Sua trajetória pessoal e profissional, desde Juiz de Fora, passando pelos altos cargos que ocupou na estrutura do Poder Judiciário Mineiro até a presidência do Conselho de Ética do Estado, foi sempre marcada pela dedicação e pelo mérito. Os cargos e as homenagens que recebeu ao longo da vida, todas mais que merecidas, não impediam de se perceber sua simplicidade e humildade, típicas do mineiro que era, condição da qual tinha reconhecido orgulho. Sinto-me honrado em poder expressar aqui esta admiração e respeito pelo Desembargador Ayrton Maia.

Dr. Fernando Pimentel
Prefeito de Belo Horizonte

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Conheci o Desembargador Ayrton Maia ainda quando era ele Juiz em Belo Horizonte, e, após, no Tribunal de Alçada; depois, no Tribunal de Justiça do Estado, onde fomos colegas, e, ainda, no Tribunal de Justiça Desportiva, sempre em proveitoso e agradável convívio que se prolongou por mais de vinte anos.

Admirei sempre no Desembargador Ayrton Maia qualidades excepcionais e singulares: o amigo perfeito e sempre solidário; o homem íntegro e o magistrado exemplar; o ser humano compreensível, ainda que aparentemente austero, mas sem vaidade e sem arrogância, um sedutor exemplo de quem não aceitava estreitezas de preconceitos e intolerâncias.

Deixou-nos, sem dúvida, uma extraordinária herança de exemplos.

Desembargador Gustavo Capanema de Almeida

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Conheci Ayrton Maia como Juiz de Direito em exercício na Comarca de Eugenópolis, onde advogava juntamente com meu pai.

Minha admiração por ele daí começou ante sua postura de Magistrado íntegro e humano e tal perdurou pelo passar dos anos.

Por sua orientação, já como Juiz na Comarca de Muriaé, prestei concurso para a Magistratura e, aprovado, em exercício na Comarca de Miradouro, tive o mesmo como bússola para minha vida profissional, ainda por suas lições dirigidas, à larga, ao Juiz novato.

Meu pai, a quem, carinhosamente, chamava de Napoleão, muito, igualmente, o admirava e respeitava.

Como Desembargador, fui designado para a Câmara em que era o Presidente e suas palavras de saudação ecoam em minha lembrança, para sempre.

Hoje se move no infinito depois de preenchido o fim para o qual fora criado, deixando-nos os princípios de um caráter firme e elevado.

Desembargador Isalino Lisboa

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Dificílima era a situação de Minas Gerais quando assumi o Governo, ditada pelo desequilíbrio entre a missão dos estados, como prover educação, segurança pública, saúde, e os recursos a isto necessários, concentrados na União e, principalmente, por uma repactuação equivocada da dívida estadua1.

Processos administrativo-gerenciais se avolumavam, conseqüência de fiscalizações necessárias, mas insuficientes, para evitar a repetição de práticas gerenciais indevidas.

Era necessário quebrar esse círculo vicioso, partindo dos princípios de ética e transparência que determinamos, a presidir todas as ações e, para isso, precisávamos de alguém que estivesse na fronteira entre o administrativo, terreno das Secretarias e dos órgãos de Segurança, e o legal, a Procuradoria de Justiça, ao qual os administradores pudessem recorrer.

Não bastava prover a Auditoria Geral do Estado. Era necessário que, para dirigi-la, tivéssemos um homem público com características especiais, no caso, dotado de sabedoria para orientar com firmeza, competência e mesmo ternura, de forma a quebrar o endurecimento de posições entre áreas, com a rigidez administrativa que daí advinha.

Foi quando nos lembramos do amigo Ayrton Maia, um juiz reformado, com o qual privávamos, tão ilustre quanto modesto, tão competente quanto reservado.

Juiz e Desembargador que já tinha se destacado com infinita capacidade de ouvir e de comunicar, tinha cursado a faculdade de técnicas de atendimento no balcão da Casa Cabocla, onde nós, os juiz-foranos, quando necessitávamos, seja de peças de vestuário, seja de prosa ou mesmo conselhos, procurávamos sua mãe, Rosa Falci Maia, incomparável no atender e no agradar.

Assim, na Auditoria, quando as questões maiores do Estado, situadas na fronteira da ação administrativa e do conhecimento do intrincado sistema jurídico do país, exigiam uma reunião com o Dr. Ayrton, não se era ofuscado por demonstrações públicas de saber, muito atuais e próprias de certas autoridades, e sim por orientações práticas, do espírito das leis, das cautelas necessárias e de como defender o patrimônio público. Pois sua capacidade maior foi sempre a de orientar com simpatia e alegria, numa linguagem acessível, de modo que, ao final, além de orientados, nós todos, administradores públicos, tornávamos seus amigos.

Eu me lembro de nosso último contato. Estava em companhia do irmão e amigo engenheiro, José Henrique Maia. Disse-me: "Governador, até sua próxima missão pública".

Alegria no coração, quando dizia: "Itamar, Laura hoje rezou por nós"!

"Não posso manter-me em paz comigo mesmo sem vos contar as coisas que o Senhor, em sua misericórdia, deu a conhecer à minha alma, não importa se isso venha a significar para mim a vida ou a morte". (Liburnet, 1638).

Ayrton Maia, quanta grandeza!

Dr. Itamar Franco
Ex-Presidente da República

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Conheci-o Juiz Titular de Vara Cível na Capital. Impressionava o dinamismo que empreendia à atividade judicante. Ágil e preciso nas decisões, objetivo na condução das audiências, mantinha com os advogados diálogo aberto e franco. Com presteza e atenção, atendia procuradores e partes. Na Presidência do TRE/MG, revelou-se administrador capaz. No nosso convívio nesse tribunal, descobri o homem afável que alegre vivia e se encantava com as crianças. Ayrton Maia era seu nome.

Dr. João Batista de Oliveira Filho
Advogado

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Conheci pessoalmente o grande Desembargador Ayrton Maia, apresentado pelo Governador Aécio Neves quando S. Excia. instalava o Conselho de Ética do Governo.

Eu havia ouvido falar muito sobre o Desembargador Ayrton Maia, destacado no meio jurídico e respeitado na administração publica e no meio empresarial. Não hesitei em propô-lo para Pte. daquele Conselho. Começou aí e aí se consolidou minha amizade com um homem amável, bom, alegre, competente, responsável e atento aos seus deveres.

Muitas vezes o apanhei em casa para irmos às reuniões do Conselho, ele nunca se atrasou e durante o caminho falava sobre suas preocupações com o sistema judiciário brasileiro e seus esforços para aprimorá-lo. Na volta, já tarde, S. Excia. ficava no escritório da Precisão, do seu querido Francisco Maia Neto; ia continuar a trabalhar, grande cidadão, grande homem público.

Dr. João Camilo Penna
Ex-Ministro de Minas e Energia

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Ayrton Maia, o grande líder. Tínhamos uma regra de convivência que se espalhava por todos os cantos. Eu alimentava com gosto aquela amizade feita também de pequenos gestos, como ir às compras com ele e orientá-la por todo o chão fértil do Mercado, até o desafio para um chope em qualquer bar que não tivesse lugar. Ele arrumava fácil, jeitoso e ameno que era. Ayrton Maia tinha uma saborosa receita de bem viver, cujos ingredientes colhíamos na sua sensibilidade ao juntar os amigos no "Rei da Feijoada". Eram tantos que quando não cabia, ele ensinava a colocá-las no coração para sempre abrigar mais um. E ali, em volta do tanque, lavávamos a alma com os santos líquidos da nossa terra, enquanto repartíamos, fatiadas, as coisinhas de comer. E tome conversa fiada, que o Desembargador, munido de infinita humildade, ouvia sem manifestar impaciência. O magistrado era do povo e com ele se misturava, talvez para aprender a julgar com Justiça. Por isso, o homem Ayrton Maia foi maior que a sua biografia.

João Dias
Comerciante - O Rei da Feijoada

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Conheci o Desembargador Ayrton Maia no Clube Forense, ainda Juiz do sempre lembrado Tribunal de Alçada. Ainda trago na memória a conversa mansa, em céu aberto na manhã de uma amizade que, ali iniciada, perdurou toda a vida.

O ato de viver carrega, em si mesmo, inevitáveis manhãs. Ayrton Maia viveu-as intensamente como numa viagem ao interior da claridade. E nesse caminho, sempre de mãos dadas com a sua Laura, relembrando as histórias dos filhos e netos, ao encontrar os amigos, soube, como nos primeiros acordes do alvorecer, representar uma fonte luminosa de ser, de magistrado digno e independente, de fidelidade aos seus princípios.

Todos, no passado, rompemos na sombra do mundo, poucos, como Ayrton Maia, o sol recebe em seus braços. Resplandecente, a sua memória sempre haveremos de reverenciar.

Desembargador Joaquim Herculano Rodrigues

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Conheci o Desembargador Ayrton Maia no ano de 1987, na Barraca do Rei da Feijoada, do nosso amigo João Dias, no Mercado Central de Belo Horizonte. Desde então, partilhei de sua companhia e amizade nos encontros de todos os sábados no mesmo local. Personalidade forte, líder nato, observador atento, congregava ao seu redor vários colegas da Magistratura, da Polícia Militar e do empresariado da nossa capital. Ali, depois de fazer sua feira semanal, tomava a sua Antártica bem gelada, que não trocava por nenhuma outra marca, acompanhada de alguns tira-gosto, entre os quais tinha lugar privilegiado o bolinho de feijão. Posso afirmar que o hábito de tais encontros permanece até hoje, por ter sido plantado pelo nosso querido Desembargador Ayrton Maia. Seu sorriso franco estará sempre conosco, alertando-nos do valor da amizade e da simplicidade nesta vida terrena.

Coronel Jonas Cruz

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TER e SER amigo ou SER e TER amigos.

Ayrton, na sua infância e na sua juventude, na nossa querida Marechal Deodoro (oitenta anos a contemplam), possuía estas qualidades que brotavam de seu coração, fruto de uma educação ímpar, recebida em família e que foi transmitida aos seus filhos, tenho certeza.

Ele fazia questão de TER amigos e SER amigo.

Mesmo alçando aos mais elevados cargos na sua profissão, pela sua capacidade, honestidade, honradez, dignidade e, acima de tudo, com simplicidade, não se esquecia nunca de seus amigos.

Era um dom interior que ele possuía e o cultivava entre seus amigos, com sinceridade, afeição e alegria.

"Amigo não é aquele que tira as pedras do seu caminho e, sim, quem o ajuda a caminhar sobre elas".

Ayrton é um exemplo e orgulho, por isso continua entre nós.

José Abdo Hallack

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Sempre me impressionou no meu irmão Ayrton Maia sua paixão pelas verdades definitivas. Debatia e defendia suas convicções nas conversas diárias de forma apaixonada e acalorada. Para ele não havia time de futebol mais organizado e dono das maiores glórias nacionais ou até mesmo mundiais que o Fluminense. A melhor cerveja e que era muito superior a todas as outras, era a Antártica, até o momento em que se associou à Brahma. Depois todas passaram a ser iguais. Não havia local melhor ou mais perfeito para se fazer as compras do que o Mercado Central de Belo Horizonte. E em matéria de cidade era quase impossível encontrar alguma que se comparasse a sua querida Juiz de Fora, posteriormente seguida de Belo Horizonte. Companheiros não existiam outros iguais à turma da parte baixa da Rua Marechal. Mas certamente, nada lhe causava mais prazer e o orgulhava mais do que pertencer ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (o melhor do Brasil), onde exerceu brilhante carreira e de onde se aposentou compulsoriamente em 1996. Assim permanece na minha lembrança o Desembargador Ayrton Maia.

Dr. José Henrique Maia
Irmão

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Prof. Ayrton Maia iniciou sua carreira docente na Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), na Unidade FACE, em 17 de março de 1972. Foi membro do Conselho de Curadores por um período ininterrupto, de 1984 a 2000. Tive a satisfação de ser secretária do Conselho ao longo de sua gestão, como conselheiro, e tive especial satisfação, também como secretária, de 22 de outubro de 1996 a 23 de outubro de 1998, período em que cumpriu a função de Presidente. Trabalhei, pois, diretamente com o Prof. Ayrton Maia, pessoa correta, abnegada, dedicada ao trabalho, educada, carinhosa. Carinho que deixaria, e fazia questão de deixar transparecer, por dona Laura, com quem eu freqüentem ente falava ao telefone. Professor Ayrton dizia (e demonstrava) que amava a FUMEC. Em contrapartida, a Instituição confiava nele. Creio ser uma das facetas reais do humanismo o real reconhecimento às pessoas prestativas. Portanto, justiça seja feita, honra ao mérito!

Dra. Juliana Martins Lopes
Assessora Administrativa da Universidade Fumec

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Tive a oportunidade e o prazer de conhecer o querido Ayrton em novembro de 1972, ao acompanhar a também querida amiga Laura em sua primeira consulta. Nos anos subseqüentes, as inúmeras consultas de rotina, sempre acompanhadas do "maridinho", se transformaram em uma refrescante e prazerosa pausa, onde pude admirar a sua verve, sua inteligência, sua generosidade e disponibilidade, e o extremado carinho dedicado a Laura. Com freqüência a consulta desviava para um agradável bate-papo, deixando de lado o motivo da visita médica.

Suas qualidades humanísticas e grande experiência universitária deram-me a coragem para convidá-lo a integrar, mais uma vez, o Conselho Diretor da Fundação Universitária Lucas Machado, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Seu enorme coração não o permitiu declinar do convite, mesmo sobrecarregado de inúmeras outras responsabilidades. No período em que estive à frente da Fundação, sua presença foi uma preciosa e segura fonte de conselhos e a Faculdade muito deve à sua atuação.

Esta é a imagem que guardo de Ayrton. Uma figura pública irretocável, um marido e pai de família extremamente presente, dedicado e carinhoso. Um amigo inesquecível.

Dr. Lucas Vianna Machado
Médico

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Coincidência feliz fez-me grande amigo do Des. Ayrton Maia. Quando ele veio promovido para a Comarca de Belo Horizonte, foi residir na mesma rua em que eu morava (Rua Carlos Gomes, Santo Antônio). A vizinhança nos aproximou, até que nos tornamos amigos. Na época eu advogava e ele Juiz de Direito da Vara de Assistência Judiciária e, mais tarde, 2a Vara Cível. Fomos colegas no Tribunal de Alçada, no Tribunal de Justiça, no Tribunal de Justiça Desportiva, no Tribunal Regional Eleitoral e na Faculdade de Administração da FUMEC, onde nós ambos lecionávamos Direito Empresarial. Quando fui eleito Presidente do Tribunal de Alçada, ele Vice-Presidente no TRE, inverteu-se a ordem.

Nossa convivência diária durou muitos anos, até que ele faleceu. No Tribunal de Justiça, integramos a 3a Câmara Cível.

Ayrton era preparado, operoso, fiel amigo, companheiro, correto, austero, vertical e, sobretudo, homem de fé.

Desembargador Lúcio Urbano Silva Martins

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Lembro-me com muita saudade do meu amigo Ayrton Maia. Conhecemo-nos em 1973, quando ele era Juiz de Direito e eu, estagiário. Recordo-me nitidamente da porta de seu gabinete sempre aberta e ele recebendo indistintamente a todos. Com o tempo nossas afinidades nos aproximaram muito e eu pude ter um amigo não só admirável, verdadeiro e leal, com quem aprendi muito porque ele era um exemplo como ser humano. Era respeitado porque merecia todo o respeito do mundo. E era uma pessoa muito querida, daquelas que a gente nunca quer deixar ir embora porque são imprescindíveis e, por isso mesmo, inesquecíveis.

Dr. Luiz Otávio Mourão
Diretor Jurídico Corporativo da Andrade Gutierrez

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Há mais de 40 anos, minha esposa Yêda e eu conhecemos o Dr. Ayrton e a D. Laura, sua esposa, na cidade de lriri, uma praia muito tranqüila do Espírito Santo, onde sua família passava as férias em um hotel de minha propriedade. Durante algumas férias, fazíamos um passeio de barco a uma ilha próxima à praia de lriri - a Ilha dos Cabritos. Era um passeio muito bom em que o Dr. Ayrton, eu e vários amigos passávamos o dia bebendo, conversando e voltávamos somente ao final da tarde. Fizemos também diversas viagens a vários países e pelo Brasil. Lembro-me de que, em Portugal, passamos por vários vinhedos onde parávamos e o Dr. Ayrton saboreava os vinhos com muito prazer.

Mesmo devido a sua posição como juiz respeitado daquela época, Dr. Ayrton tratava a todos do mesmo modo, com simpatia, brincadeiras e, assim, tornamo-nos íntimos. Nunca discutimos ou tivemos algum senão e nossa amizade foi crescendo. Sempre o admirei como homem, pai, marido e excelente profissional, nunca desmerecendo nenhuma pessoa. Todas as vezes que eu precisei de suas orientações profissionais, recebia-me com toda a atenção, nunca negando nada a mim e aos meus amigos.

Foi um homem abençoado com uma grande companheira, D. Laura, dois filhos exemplares, Francisco e Cláudia, e netos maravilhosos. No início de sua carreira, no interior do Estado, passou por muitos sofrimentos e teve grande ajuda de sua esposa. Em todos os lugares por onde passou, as pessoas o elogiavam devido à sua humildade e benevolência.

Embora amigos íntimos, sempre tive o maior respeito por sua posição social. Quando ele e sua esposa vinham a minha casa, sentia-se à vontade para tirar os sapatos, beber o vinho de que gostava e conversar sobre vários assuntos. Fiquei inteiramente surpreso quando ele me chamou para falar sobre sua doença, pedindo-me segredo. Ele dizia que a única coisa que pedia a Deus era para não o deixar sofrer. Sua perda foi muito forte e pesarosa para nós. Sempre o tive como um grande amigo e Irmão.

"Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão." (Benjamim Franklin, 1706-1790).

Luiz Pessoa Duarte
Empresário

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Dizem por aí que se conhece uma árvore boa pelos frutos que esta produz!

A princípio, falar do Dr. Ayrton me pareceu uma tarefa difícil... Não imaginei jamais que, na minha convivência com ele, teria palavras para descrever a natureza e a personalidade que lhe foram tão singulares.

Entretanto, ao longo desse tempo tive a maravilhosa oportunidade de não somente conhecê-lo, mas, conviver por mais de 25 anos com o meu amigo e querido irmão de fé, seu filho Francisco Maia.

Por meio dessa convivência, posso afirmar com certeza que o Dr. Ayrton foi um homem espetacular! Sempre colocou em sua vida a ética, a justiça e a honestidade como valores principais, o que lhe tornou uma figura especial e querida por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo, transformando sua estada nessa vida em uma bela e extraordinária jornada.

Ao longo de todo o meu relacionamento com o Chico, percebia claramente a semelhança de seu pai com as atitudes e jeito de agir do meu. Homem simples e honesto, tinha na família um de seus principais valores. Caráter e dignidade lhe foram peculiares e em toda a sua trajetória profissional isso ficou sempre muito claro!

Em nossas conversas em viagens (que não foram poucas), Chico e eu sempre encontrávamos semelhanças nas atitudes de nossos pais e, cada vez mais, essa amizade se fortalecia.

Dr. Ayrton, que grande e bela árvore o senhor foi! Parabéns pelos frutos que produziu em sua vida e que Deus lhe guarde eternamente!

Sempre lhe tive uma grande admiração e respeito, e tenha certeza que seus filhos Francisco e Cláudia e seus netos, dos quais o senhor muito se orgulhava, tornaram-se grandes frutos e estão dignamente honrando o seu nome!

Dr. Marcelo Patrus
Empresário

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Lembro-me bem, era o casamento do nosso sobrinho Francisco, filho mais velho do Ayrton. A festa decorria alegre e muito animada. De repente o Ayrton recebe um telefonema, e diz que vai ter que se ausentar por um breve tempo: "Um grande amigo está precisando de mim". Não sei precisar, mas uma ou duas horas depois, chega ele, dizendo: "Graças a Deus pude ajudar". Ninguém perguntou quem era ou quem foi. Conhecíamos sua discrição. Ayrton sempre foi muito solidário com os amigos e os amigos dos amigos. Alegre, sempre presente, nunca o víamos triste.

Sr. Márcio Antonio Maia
Irmão

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Para mim é uma enorme satisfação a oportunidade de falar sobre o Dr. Ayrton Maia. Conheci-o pessoalmente poucos anos atrás, por intermédio de sua filha Claudinha. Encantei-me com o pai de minha amiga, um senhor bem humorado, inteligente, agradável, sempre contando casos de uma maneira encantadora e cativante. Mas o que mais me impressionou e para mim foi e é um ensinamento é que, apesar de exercer cargos com tanto poder, ele tratava as pessoas com simplicidade e de forma humana, sem arrogância. Este é para mim o verdadeiro poder, e não são todas as pessoas que sabem exercê-lo com tanta maestria como o Dr. Ayrton. Por tudo isso, foi um enorme prazer conhecer e conviver, apesar de tão pouco tempo, com esse pequeno grande homem.

Sra. Maria Helena Hadad
Empresária

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Alguns anos atrás, estava em casa com parentes, comemorando meu aniversário, quando alguém me chamou e falou que uma amiga queria falar comigo:"Parece aflita". Atendi prontamente quando a pessoa se identificou pedindo que ligasse para o Ayrton, que seu cunhado estava preso por uma denúncia não verdadeira. Sua irmã e filhos estavam muito aflitos e não se conformavam de ver um esposo e pai tão digno passar a noite na delegacia. Prontamente liguei para o Ayrton e lhe disse que se tratava da filha e esposa de um grande amigo de nossos pais e avós. Eram mais ou menos 10 horas da noite. Em menos de 30 minutos ele retomou e falou: "Ele já está solto".

A alegria foi geral, apesar de não conhecer o senhor pessoalmente, sabíamos que se tratava de uma pessoa de bem e muito conceituado. O Ayrton era assim, tinha um prazer imenso em atender aos pedidos que lhe faziam. Era amigo na acepção primeira da palavra, jamais deixou de atender um pedido desta sua irmã que lhe tinha muito carinho e afeição.

Maria Luiza Maia Rebello
Irmã

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Antes de tudo ponho em destaque a honra de que me sinto possuído em ter meu inexpressivo nome incluído entre aqueles selecionados por vocês para prestar depoimento sobre a pessoa singular de seu pai, o inesquecível Des. Ayrton Maia.

Além disso proclamo o fato certo de ter sido ele um dos amigos que mais prestaram solidariedade a mim e a minha mulher Lurdinha, quando tivemos que enfrentar terrível problema de ordem familiar, hoje, felizmente e com o efetivo apoio do Desembargador, plenamente superado.

Agora, o episódio que marcou em mim a grandeza de espírito do Des. Ayrton Maia e deflagrou minha amizade e admiração por ele: era eu jovem advogado e recém-empossado auditor do TJD, por indicação da AGAP, quando, ao proferir meu voto de Relator num processo disciplinar, fui interrompido, sem pedido de aparte, pelo então Presidente do Tribunal Des. Ayrton - que discordava do meu entendimento quanto à decisão a ser proferida. De imediato, e hoje me penitencio pelo tom nada cortês, repeli a intervenção feita durante meu voto e, ainda rispidamente, declarei que se alguém discordasse daquilo que minha consciência me impunha que o fizesse se integrasse a turma julgadora e quando fosse sua vez de votar. Terminado o julgamento, e ao contrário do que muitos dos presentes esperavam, o querido Desembargador interrompeu a sessão e, desprovido de qualquer vaidade, deixando de lado as culminâncias que atingiu por méritos próprios em sua magnífica carreira de magistrado, pediu-me desculpas de público e incentivou-me a procurar manter e preservar ao longo de minha vida a independência de meu pensamento. Nasceu ali a admiração, a amizade e o mais profundo respeito que dediquei ao "pequeno" GRANDE Des. Ayrton Maia.

Dr. Mário de Lima Pereira
Advogado

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Um raio de sol, ainda que por pouco tempo, aquece e ilumina mais que qualquer fonte natural.

Dessa forma entendo o convívio, embora curto para meu desejo, porém, esfuziantemente pleno, para meu espírito, que tive com o Dr. Ayrton: como enriquecedor para aqueles que tiveram a sorte de receber o lume desses astros, aquele berço da vida, este esteira, a um tempo, da emoção e da razão.

O que mais nos identificava era sua admiração pelo tango. Contou-me de suas viagens à Argentina e, sobretudo, pelo interior desse país, dizendo ser esse muito belo. E eu digo: belo foi o seu interior.

Maurício Chebly
Empresário

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Em memória de um irrepreensível, a honra que tive no passado recente com um convívio gratificante e digno a revivo agora.

Raras vezes o destino nos reserva emoção tão significativa: a convivência diuturna em lide profissional com ser humano da valoração de um Ayrton Maia, o nosso para sempre querido Desembargador Ayrton Maia.

Pode parecer um paradoxo dizer que ele não está mais vivo entre nós. Guimarães Rosa foi bem claro ao afirmar que "algumas pessoas não morrem, se encantam!" E mesmo o genial Drummond de Andrade garantiu-nos que: "as coisas tangíveis tornam-se insensíveis, à palma da mão", e "as coisas findas / muito mais que lindas / estas ficarão!"

Eu creio, sinceramente, que este é o caso de Ayrton Maia: sua imagem translúcida me ocorre, sempre, à mente: o chefe exato, o cidadão irrepreensível, esmerado, elegante, o magistrado equânime, despido da postural carranca artificial reveladora de autoridade, dela não necessitava, pois dele emanavam carisma e credibilidade ínsitos, ali o amigo sincero, o pai e avô carinhoso, o marido, ah! o marido terno e meigo, sempre apaixonado pela querida Dona Laura. Religiosos, ambos.

Permaneceu esta abstrata manifestação sensível de um intenso e excepcional homem e seus exemplos de vida aos seus descendentes, a todos os que lhe foram caros e presentes no meio de nós. A sua marca de profissional exemplar, a sua imagem, razão a dispensar justificativas. Por um nome assim, capaz de escrever e legar história, é que seus admiradores, no presente, fixam os olhos no futuro.

Por isso meu coração outra vez bate mais forte, quiçá em movimentos de "sursum corda"?!! Sim, talvez em uma chamada a elevar a mente e o coração a fazer o melhor, a inteligência a fazer seu uso racional e o ânimo a prosseguir no valor e na esperança.

Dr. Milton Drummond Fortes da Silva
Delegado Geral de Polícia

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O nome do saudoso Desembargador Ayrton Maia encontra-se entranhado na história do Poder Judiciário de Minas Gerais pelas suas virtudes, qualidades, talento, que fizeram o magistrado consciente, exemplar, honesto, independente, competente, sereno e compreensivo.

Dizia que julgamento dever-se-ia fazer com "bom senso" para exata interpretação da lei, olhando-se para a realidade, sem desprezar que "o juízo humano pode ser falível".

Homem bom. Exemplar marido pelas próprias palavras de quem esteve a seu lado: Dona Laura. Os filhos, Francisco e Cláudia, amava-os e sempre deles comentava. Quando falava da sua família, o seu sorriso aparecia espontaneamente, demonstrando alegria e felicidade.

O nome do Desembargador Ayrton Maia está na trajetória das lições fincadas nas suas decisões judiciais e na lembrança de quem o conheceu, com ele viveu e socialmente conviveu como amigo e colega.

Desembargador Nilson Reis

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Para falar sobre o Desembargador Ayrton Maia, num espaço de apenas 10 linhas, teria de ser um gênio em poder de síntese, pois a grandeza de sua expressão superlativa não cabe nem mesmo em um compêndio.

Era amigo dos seus amigos.

Era um homem feliz e completo, pois amava fervorosamente a sua querida D. Laura, sua alma gêmea.

Era um pai extremoso e venerado pelos seus filhos "Claudinha" e "Franscisquinho".

Era um avô "coruja", que falava e nominava orgulhosamente os seus netos inigualáveis.

Era um filho que jamais esquecia a D. Rosa e seu Francisco, seus pranteados pais.

Enaltecia, cantava e decantava a sua Juiz de Fora, a qual visitava com freqüência, para convivência fraternal com a "Turma da Marechal", seus amigos e companheiros de juventude.

Era um magistrado de estatura moral e intelectual inigualáveis.

Era amante e defensor intransigente da moral, da ética e da disciplina.

Foi, em todos os seguimentos por ele freqüentados, um paradigma.

Foi um exemplo que haverá de ser seguido pelas gerações futuras.

Quem teve a ventura de desfrutar da sua amizade, fez da convivência com ele um aprendizado.

Desembargador Osmando Almeida

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Tive o privilégio de conhecer o Desembargador Ayrton Maia em 1992, por ocasião da campanha pela prefeitura de Belo Horizonte. Na época, ele presidia o TRE e fui testemunha de como conduziu todo processo com transparência, correção e eficiência, sem jamais perder o senso de humor. Tive também a oportunidade de ter com ele alguns bons encontros informais. Era freqüentador sabático do Mercado Central, onde gostava de contar causos, de conviver com aquele pluralismo democrático do lugar, de conversar com as mais diferentes pessoas.

Ele sempre se mostrou muito amável, ao mesmo tempo, muito rigoroso na aplicação das normas jurídicas, no seu compromisso com o Estado Democrático de Direito, cioso de seu papel no bom andamento da Justiça no país. Sem dúvida, um homem que deixou sua forte presença entre nós.

Dr. Patrus Ananias
Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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São muitas e boas as recordações do tio Ayrton. Bom orador, prendia a atenção dos ouvintes com seus casos. Um mestre conselheiro, a quem recorríamos nas decisões importantes e nos momentos difíceis. Tratava cada pessoa, conhecida ou não, com atenção particular e especial. Suas qualidades ficam como exemplo a ser seguido e fazem dele uma pessoa também especial para nós.

Dr. Paulo de Faria Júnior
Sobrinho

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Era o ano de 1981 e fui encontrar o Dr. Ayrton Maia, então Juiz do Tribunal de Alçada, no Restaurante Lisboeta, na Rua Marechal Deodoro, em Juiz de Fora. Recém-aprovado em concurso, tinha eu a pretensão de ir para a Comarca de Tombos.

Recebeu-me o Dr. Ayrton Maia com a sua costumeira simpatia, fazendo elogios à cidade e ao povo tombense. De fato ajudou-me junto ao Tribunal, no sentido de ser indicado para aquela acolhedora Comarca e no relacionamento com meus futuros jurisdicionados, tendo em vista gozar ele, de fato, de muito prestígio entre o povo bom e hospitaleiro de Tombos. Fui muito feliz em Tombos, graças à indicação do experiente Magistrado.

Desembargador Paulo Roberto Pereira da Silva

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Desembargador, Professor, Doutor, Pai, Avô, designações de um Homem que soube ser Amigo da sua esposa, dos seus filhos e netos, dos seus alunos e, acima de tudo, Amigo dos seus Amigos. Um Homem sério que amou sua família e que soube honrar e engrandecer o nome da magistratura do seu estado. Foi poderoso sem, contudo, ser exibicionista, justo sem ser insolente, humilde sem servilismo e usou sua autenticidade sem precisar da agressividade. Este Homem que conheci pelo convívio do seu filho e meu Amigo Francisco, com o passar dos anos tornou-se também meu Amigo.

Dr. Paulo Roberto Silva Ligório
Engenheiro

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Falar sobre Ayrton Maia, sua passagem entre nós, não é tarefa difícil, porque sua vida foi rica, marcante, pelo homem que foi.

Sintetizo sua vida em frase feita pelo cineasta Woody Allen: "Somos a soma de nossas opções".

O Desembargador Ayrton Maia optou ser bom marido, bom pai, bom amigo, bom magistrado: Sua passagem não foi daquelas indeléveis, deixou exemplos inesquecíveis de como devemos e podemos ser, motivo pelo qual prefiro pensar tal como Epicuro, filósofo grego: "a morte não é nada para nós porque, enquanto existimos, a morte não existe e quando está presente, estamos ausentes".

Sua ausência é sentida por aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, pois privados estão de agradável companhia.

Desembargador Pedro Carlos Bitencourt Marcondes

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Tive o privilégio de conhecer o Desembargador Ayrton Maia, grande Jurista, exemplo de caráter, homem inteligente e sagaz. Sobretudo o verdadeiro amigo dos amigos. Nele pude perceber apenas um defeito: o de não ser atleticano, deixando entretanto dois verdadeiros torcedores do Galo, o filho Chico e o neto Luis Fellipe. Sempre ao lado da esposa e companheira D. Laura, Dr. Ayrton sem dúvida alguma deixará saudades aos que com ele conviveram.

Dr. Renato Moraes Salvador Silva
Empresário

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Mais uma quarta-feira de Corte Superior. O destaque do dia era uma representação contra o Juiz de Carandaí.

À porta da sala, conversavam os Desembargadores Ayrton Maia, Hugo Bengtsson Júnior e Caetano Carelos (coincidentemente, os três eram de baixa estatura). A conversa girava em torno da pauta de julgamento.

Eis que chega o advogado representante do Juiz, mira o trio e dispara: "Como a Justiça mineira é tão baixa!"

O Des. Ayrton Maia, insatisfeito com o despropósito do comentário,. retrucou: "Baixa é a altura dos julgadores, mas a Justiça de Minas Gerais é à altura de qualquer decisão!"

O advogado tentou se desculpar, mas não lhe deram atenção. Com isso, ele ficou tão constrangido que não sabia se entrava e fazia sua inscrição para a sustentação oral.

Rogério César Luiz
Serventuário da Justiça

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O meu breve relacionamento com o Desembargador Ayrton Maia foi certamente gratificante. Isso por ter tido a oportunidade de conhecer um ser humano com o caráter e espírito forte, honesto, determinado e ético. Algumas passagens me tocaram profundamente. Quando o conheci assistindo-o como médico, após examiná-lo, o Dr. Ayrton me questionou, preocupado com a questão ética, se a Dra. Mabel (então sua clínica assistente) estava ciente da minha visita. ÉTICA. Já no Hospital Felício Rocha, hospitalizado, dois momentos em especial me chamaram atenção. Apesar de estar vivenciando momentos difíceis, lutando contra uma grave doença, externou o desejo de ajudar uma senhora, residente em Juiz de Fora, no IPSEMG. SOLIDARIEDADE. No segundo momento ouvi palavras que efetivamente mostraram a força espiritual do nosso amigo; pediu que todos saíssem do quarto e me disse: "Roberto, Deus tem sido muito generoso comigo, atingi uma idade que poucos alcançariam, aprendi bastante e fui presenteado com uma companheira ideal e dois filhos maravilhosos, por isso, sou grato. É chegada a minha hora, me sinto espiritualmente em condições de partir, não quero me submeter a qualquer tratamento médico agressivo, não aceito vida vegetativa. Apenas reduza a minha dor física". Abracei o Dr. Ayrton com carinho e emocionado. DESPRENDIMENTO. Acredito que esta breve passagem foi a razão da minha grande admiração e aprendizado.

Dr. Roberto Porto Fonseca
Médico

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Tive o privilégio de conhecer e conviver com o Desembargador Ayrton Maia, uma dessas raras pessoas que deixam em nós um sentimento de admiração e respeito.

Convivi mais de perto com ele durante o Governo Itamar Franco e na Fundação Lucas Machado.

Dr. Ayrton, homem de baixa estatura física, tinha uma enorme estatura moral e intelectual, que o faziam respeitado por todos.

Ser convidado a escrever essas linhas em sua memória muito me orgulha e honra, pois tive nele, um mestre que sempre reverenciarei.

Dr. Sérgio Bruno Zech Coelho
Ex-Presidente do Minas Tênis Clube

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Outra faceta do Dr. Ayrton Maia. Vamos falar do nosso caro amigo Ayrton, esportista, intransigente, defensor do Tricolor carioca, Fluminense, desde os primórdios da infância, sempre temia um FLA-FLU. Em Minas procurava esconder a simpatia pelo América (Deca), mas tendo ocupado o mais alto cargo do Tribunal de Justiça Esportiva de Minas Gerais, foi sempre justo e imparcial.

Somente seu primeiro neto, Luis Fellipe, conseguiu fazê-lo mais ameno para com o nosso "GALO", o qual ele também passou a admirar, mais para agrado do filho - Dr. Francisco Maia, e de seu neto, como falamos.

Deixou saudades aos amigos, que fez em todas as áreas que militou, e foi desde 1968, quando nos conhecemos, um dileto amigo e paciente.

Dr. Vicente Assis
Médico

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Tratava-me por Tatá. Eu sempre o chamei de Desembargador, mas ele jamais permitiu que a idade, a experiência ou a importância espaçassem nossa estreita amizade. Nos tempos em que a minha vida deslizava nos mares da prosperidade, sempre me alertou, com a severidade de quem me queria muito bem, sobre as muitas impropriedades da minha conduta. Quando os inevitáveis tropeços aconteceram, demonstrou a mais carinhosa solidariedade, acolhendo-me no seu carinho infinito, sem censuras, sem "eu-te-disses". Gostava de mim, era meu amigo. Isso para ele bastava, era definitivo. Nunca tripudiou, mesmo quando podia tê-la feito. Esta foi, aliás, a marca registrada do Desembargador Ayrton Maia: era amigo dos amigos. Aliás, era o AMIGO. Nasceu para isto: ser amigo.

Boa praça, alegre, solidário, nunca deixou que se interpusesse entre ele e aqueles de quem gostava a mácula do abandono. Os amigos podiam errar, e muitos deles erraram em algum ponto. Naquelas horas, aparecia o Desembargador, firme, sereno e amigo. E que amigo! O amigo definitivo, compreensivo, solidário, carinhoso. Gostava de servir, de ajudar, tinha sempre em mente o papel que a vida lhe reservou: o daquele que sempre estava disposto a dar segundas, terceiras e outras tantas oportunidades. Era humano, era gente, e como gente julgava as gentes que lhe cruzaram o caminho. Pena que pessoas como Mauro Belém Botelho, Roberto Cohen, Flávio e Roberto Gutierrez e Luiz Rangel não estejam mais aqui para darem o testemunho do valor de sua amizade. Eu estou e me sinto responsável pela missão de deixar um relato sobre o melhor professor de amizade que tive na vida. A tristeza imensa de não tê-lo ao meu lado é abrandada pela felicidade infinita de poder ter convivido com ele por longos anos de uma próxima amizade. Esta amizade permanecerá até depois de meu último suspiro e vive hoje na amizade que dedico ao Chico, à Cláudia, à Da. Laura, ao Zé Henrique, ao Seu Márcio, ao João Dias, ao Dr. Vicente e a tantos outros amigos, feitos na órbita dos que conviviam com aquele super amigo. O melhor amigo que poderíamos ter pedido a Deus. Todos sentimos saudade dele.

Dr. Walter Santos Neto
Advogado

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Desembargador Ayrton Maia, o ser humano, o jurista, o amigo. Difícil falar dele, não há palavras para descrevê-la, homem íntegro e de sorriso largo, pessoa de coração bom e cativante, profissional sério e honesto, Magistrado digno do termo "Juiz de Direito". Jamais me esquecerei das longas horas de conversa, de suas palavras, seus conselhos... Foi por suas mãos que primeiro adentrei as portas do famoso Mercado Central, na capital mineira, e ali tantos amigos conheci, e foi por suas palavras de incentivo que decidi tentar carreira na Magistratura, e hoje, com orgulho, sou Juiz nas vastas terras das Gerais. Sua ausência física agora é preenchida pelas mais gratificantes lembranças, conduzindo-nos por entre todos aqueles valores que nortearam sua existência. Não nos esquecendo do seu célebre pensamento, o qual seguiu em toda sua vida pública, inspirado no Apóstolo Paulo: "combatendo o bom combate".

Dr. Wanderley Salgado Paiva
Juiz de Direito

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