Estacionamento do futuro

Publicado em 30 de junho de 2019

Os aplicativos de mobilidade urbana, que a cada dia tem se difundido e diversificado, vem, aos poucos, alterando a própria estrutura da forma como as pessoas se locomovem não só nos grandes centros, mas também em cidades de menor porte, fato que tende a se consolidar com a chegada dos carros autônomos, previstos para a próxima década.

Como é do conhecimento público, cresce a cada ano a participação de frotas e locadoras nas vendas de veículos, despertando as montadoras para uma nova realidade de consumo de veículos automotores, que se aliam às gigantes de tecnologia visando promover uma mudança substancial em seu próprio modelo de negócio, cujo foco passa a ser a busca da rentabilidade não mais pela venda do produto, mas a partir do uso do veículo.

Nesta esteira, uma das prováveis transformações que já acendem o sinal de alerta em alguns setores, é o de estacionamentos, uma vez que carros compartilhados e autônomos dispensam a necessidade de vagas porque, ao contrário dos veículos para uso individual, sua performance está no uso pelo máximo de tempo possível, liberando os espaços de estacionamento.

Esta realidade já é possível de ser mensurada, como aconteceu em recente estudo realizado pela Fipe a pedido de uma das principais empresas de mobilidade, concluindo que apenas por meio de seu aplicativo, ocorre uma liberação média de 78 mil vagas diárias somente na cidade de São Paulo.

Esta transformação na estrutura da mobilidade urbana, que já sinaliza sua direção, impõe aos participantes do mercado repensar a sua forma de atuação, entretanto, como o setor é altamente pulverizado, na vanguarda da inovação estão empresas de grande porte com representatividade nacional, que já perceberam o sentido das mudanças e testam uma série de novos serviços para ocupar seus espaços caso se confirme o cenário da queda na demanda.

Nesta linha, uma das principais propostas alternativas para os atuais espaços que buscam captar as inovações na mobilidade dos últimos anos está aquela de transformar os atuais espaços  nos chamados “hubs de mobilidades”, ou seja, se tornarão estações de embarque e desembarque não só para apps de transporte, mas também para bicicletas, patinetes e locação de veículos, bem como ponto de apoio e suporte para estes serviços.

Ao mesmo tempo, o mercado imobiliário também já volta sua atenção para estas mudanças, oferecendo nos imóveis situados próximos aos grandes centros comerciais, um menor número de vagas, em detrimento de serviços de compartilhamento de veículos, gerenciados pelo próprio condomínio ou terceirizados para empresas locadoras.

Dessa forma, apesar de ainda ser essencial na formação do valor dos imóveis a venda, o número de vagas, que nos últimos anos era um dos elementos mais importantes e de grande atrativo na oferta dos imóveis, tem perdido espaço com as inovações tecnológicas, o que se coloca como mais um desafio para as incorporadoras, que também devem estar atentas às transformações provocadas pelas novas tecnologias.

Ao mesmo tempo, pode surgir um novo nicho de mercado para a comercialização de imóveis que não dispunham de estacionamentos, abrindo espaço inclusive para o chamado “retrofit”, a partir de reformas em imóveis situados em áreas mais antigas das grandes cidades, atualmente degradadas, cujas construções originais não previram este tipo de espaço.

A grande atratividade destes projetos reside na possibilidade de seres utilizadas as estruturas e o coeficiente de aproveitamento anterior, disponibilizando unidades novas, que incorporadas das praticidades consolidadas pelas novas tecnologias, reduzem significativamente a importância provocada pela ausência de vagas para automóveis nestas antigas construções.

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