A saúde dos edifícios
Publicado em 25 de novembro de
2012 - Advogado/Engenheiro Francisco Maia Neto
Quando os
ocupantes de uma edificação apresentam sintomas como dores de cabeça, fadiga,
irritação nos olhos, nariz e garganta em um percentual que ultrapassa 20% do
total, esses problemas de saúde extrapolam as pessoas e o diagnóstico
encontra-se nos aspectos construtivos desse imóvel, e atende pela sigla SED, ou
Síndrome do Edifício Doente, uma patologia reconhecida pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) desde o ano de 1982.
Segundo
especialistas o principal fator causador da SED é a condição interna de
qualidade do ar, cuja origem usualmente está relacionada à concepção do projeto
do edifício, especialmente dos sistemas de ar-condicionado, associado a um
inadequado plano de manutenção periódica nos equipamentos.
Os
sistemas de ventilação inadequados são grandes vilões para a ocorrência desse problema,
sendo responsável por mais de 50% dos casos, de acordo com estudo realizado em
1989 pelo NIOSH, sigla em inglês do Instituto Nacional de Saúde e Segurança
Ocupacional dos Estados Unidos, seguido pelos contaminantes internos e
externos, contaminação microbiológica, contaminantes em materiais de construção
e outros não identificados.
Diante
dessa realidade, cuja origem é atribuída à forma hermética como os edifícios
são concebidos, resultando na necessidade de climatização artificial, é
fundamental a contratação de projeto específico, que priorize a captação do ar
externo ou utilize tecnologias que a substitua, com
especial atenção ao ar-condicionado, que deve vir acompanhado de um plano de
manutenção adequado.
Para
garantir que a edificação apresente ar de qualidade adequada, alguns fatores
devem ser observados na fase de concepção do projeto, associados à qualidade do
ar no interior do edifício, como a taxa de renovação do ar, a filtragem de ar e
as distâncias dos pontos de captação das tomadas de ar externo de possíveis
fontes poluidoras, esta última ementada na Norma NBR 16.401 – Parte 3, da ABNT.
Dentre os
erros de projeto mais comuns causadores da SED, encontram-se listadas a taxa de
renovação de ar insuficiente ou inexistente, tomada de ar de renovação
posicionada em local inadequado, filtragem de ar inadequada para a utilização
dos sistemas atendidos, salas de equipamentos inadequadamente dimensionados,
que não permitem manutenção e higienização, falta de pontos de acesso para
limpeza e higienização dos dutos e falta de meios de balanceamentos dos volumes
de ar (registros, dumpers, etc.) ou falta de
acesso a eles.
Se a
síndrome for detectada, é necessário que um especialista em qualidade do ar
seja convocado para diagnosticar e identificar a causa do problema, que poderá
indicar normas tecnológicas para desinfecção do ambiente, uma delas denominada fotocatálise, mas é fundamental lembrar que a obediência à
periodicidade de manutenção é a forma mais eficaz para evitar que o edifício
adoeça.
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