Loteamento do futuro

Publicado em 23 de agosto de 2010

Uma fazenda de 250 hectares, situada no município de Palhoça, na Região Metropolitana de Florianópolis, que estava ameaçada pelo crescimento desordenado que aflige as grandes metrópoles brasileiras, fez com que seu proprietário deixasse de lado a alternativa convencional de simplesmente cercar a área e criar um condomínio fechado, e criasse um bairro planejado.

Em um primeiro momento doou uma parte significativa da área para a instalação de uma universidade, a Unisul, o que atraiu empresas para os seus domínios, e com elas um contingente de 4.500 empregos, o que resultou na venda dos lotes, vivendo hoje no local cerca de 4.000 pessoas.

Esse empreendimento, denominado Pedra Branca Urbanismo Sustentável, entra agora numa segunda, e mais ousada, etapa, que envolve diversos escritórios especializados do mundo, na busca de um projeto totalmente novo para os padrões brasileiros, em que as casas não possuam muros e as pessoas se desloquem ao trabalho, escola e afazeres a pé ou em bicicletas.

Das oficinas de trabalho, onde se desenvolveram os estudos e debates, denominadas “charretes”, saíram interessantes ideias, cuja meta foi o planejamento de um bairro que fosse um núcleo sustentado, onde o meio ambiente e as áreas verdes continuassem preservadas.

Os apartamentos projetados são modelos do conceito de estética e sustentabilidade, contando com recursos inovadores, tais como coleta e reuso da água de chuva ou luminárias eficientes, e nem o óleo de cozinha foi esquecido, pois deverá ser recolhido pelo morador, encaminhado a um receptáculo no subsolo e só então será recolhido por uma empresa devidamente cadastrada, que providenciará sua reciclagem.

Tudo isso foi alicerçado em um movimento que prevê um novo tipo de cidade, conhecido como “new urbanismo” (novo urbanismo), que engloba um conjunto de ideias nascidas nos Estados Unidos, nos anos 1980, que incentiva a construção de loteamentos abertos, integrados ao município onde se localizam, facilitando o acesso e priorizando o pedestre e as construções sustentáveis.

Além disso, predomina o uso misto dos bairros, onde é deixada a divisão tradicional em zonas (residencial, comercial, serviços e lazer), passando a se integrarem ao bairro, o que resulta em melhoria na qualidade de vida.

Quando estiver totalmente concluído, a expectativa é que o bairro tenha o tamanho de uma pequena cidade, contando com 47 quadras e mais de 10.000 apartamentos, cujo horizonte de 20 anos indica que o local contará com 30.000 habitantes.

A primeira quadra já foi lançada e 70% das unidades foram comercializadas no primeiro mês, contando com seis torres, 217 apartamentos e 8 lojas, mesmo que as características sejam peculiares, especialmente para a área de lazer, que não é individual para cada prédio, mas coletiva para toda a quadra.

Tamanha ousadia chamou a atenção de ninguém menos que o ex-presidente americano Bill Clinton, por meio de sua Clinton ClimateIniciative, uma ONG voltada à defesa de alternativas para as mudanças climáticas, que incluiu o empreendimento no seu Programa de Desenvolvimento do Clima Positivo, o que demonstra ser esse um modelo para os bairros do futuro.

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