Bairros planejados

Publicado em 18 de janeiro de 2015

Uma questão que, sem dúvida ganhou o debate nacional nos últimos anos, ao lado da segurança pública, é o grande desafio da mobilidade urbana, uma vez que existe um consenso sobre a sua estreita ligação com a realização de obras estruturantes, compostas de novas vias, túneis, viadutos e outras soluções que demandam pesados investimentos do setor público.

Como o país carece de mecanismos de geração de receita ou de financiamento para que o executivo municipal possa realizar esse conjunto de obras necessárias para solucionar este problema, cada vez mais são criadas medidas paliativas, como a adoção do sistema de rodízio, ou de faixas exclusivas para ônibus, que pouco contribuem para diminuir o crescente aumento de automóveis nas ruas, aliado a um sistema de transporte público que não atende à demanda da população.

Com isso as pessoas, independente do meio de locomoção adotado, se envolvem em um movimento pendular de deslocamento diário entre a residência e o trabalho que, segundo estudo do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica aplicada, somente nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, dura em média 1,5 hora diariamente, podendo dobrar em casos extremos, segundo alguns especialistas.

Esse talvez seja o fator determinante que tem levado ao surgimento desse tipo de empreendimento, denominado “bairro planejado”, que incentiva o morador a estruturar suas atividades diárias no núcleo em que vive, pois permite a reunião em um mesmo espaço da moradia, trabalho, lazer e prestação de serviços, tornando assim uma opção de crescimento urbano sustentável.

Para se ter ideia da composição de um empreendimento dessa natureza, em São Paulo um bairro planejado que recebeu menção de entidades imobiliárias, adotou este perfil multiuso, em uma área de 250.000,00 m2, erguerá um mall com 24 lojas no perímetro térreo, conjugado a quatro torres, cada uma delas com uma vocação diferente, com 76 lajes corporativas, 317 salas comerciais, 276 apartamentos e ainda um hotel com 377 quartos.

Outro exemplo bem sucedido, que privilegia regras de sustentabilidade de relação com o meio ambiente, implantou sistema de captação e de reaproveitamento de águas nas áreas comuns do empreendimento, o que permitirá, após o sistema estar em pleno funcionamento e as regras se estenderem à construção das casas, uma economia no consumo de água que chegará a 76%.

Essa proposta urbanística, que incentiva o desenvolvimento urbano em pequenos núcleos, também busca uma maior participação da comunidade em decisões ligadas ao cotidiano das pessoas, especialmente no que tange a infraestrutura e segurança, o que é feito mediante uma associação de moradores, que incentiva a participação em decisões sobre a gestão dos recursos e na criação de um plano diretor interno.

Do ponto de vista econômico acredita-se que existe uma dinâmica de mercado que propicie uma tendência de valorização dos imóveis nesses empreendimentos, em função desse planejamento prévio, que permite aos usuários saber o que vai estar em qual lugar, evitando-se o risco de surpresas indesejáveis, uma vez todos os adquirentes seguirem as regras de expansão do bairro.

Não obstante serem uma realidade crescente, que tem merecido o reconhecimento da maioria dos especialistas, justamente por melhor qualificarem o espaço urbano, existem críticas a sua implantação, inclusive comparando-os a um retorno à cidade medieval, o que não parece ocorrer, na medida em que interagem com a cidade e se tornam opções sadias de vida nas grandes metrópoles.

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